"Passou hoje 1 mês
desde que chegámos. E que mês!! Uma viagem enorme desde o mundo do imediato, do
tudo acessível, mundo das possibilidades infinitas e do consumismo ao mundo do
aguenta só mais uma hora, isso não há cá… isso só a 5 horas de distância, isso
só se te mandarem...
Uma pessoa sente-se
presa. Presa aos seus vícios do outro mundo… mas também presa por não ter o
mínimo dos mínimos dos confortos da nossa vida. Eu sonho com a secção de chocolates
do super mercado, e dá-me vómitos a única margarina que se arranja por aqui. Blue band é
a marca… Nunca me irei esquecer - Desejo
manteiga como nunca antes o pensei fazer.
Sinto-me longe,
como nunca me senti.
Mesmo que a minha mãe me telefone e a sua voz esteja tão
perto, mesmo que fale com a minha irmã ao telefone, sinto-me mais longe que
nunca.
Como se houvesse uma barreira tão grande entre o que eu estou a viver e
a vida que elas vivem que não dá para conversar…
Tenho saudades do
meu dia a dia, das pequenas coisas, de ter uma cantina, um café, uma bolacha,
um chocolate, mesmo ali a 5 minutos do meu escritório. Nunca pensei que isso
fosse tão importante para mim, e quase me sinto ridícula ao sentir verdadeiras
saudades da minha cantina. Mas sinto…
Aqui há um venda de
bananas e Mangas, são boas são… mas são só bananas e mangas, sempre, desde que
cheguei.
Há também uns bolinhos oleosos, que de certeza vou ter saudades quando chegar
a Copenhaga… Mas por agora tenho saudades da minha cantina do trabalho. Até já
dei por mim a QUASE clicar no site da cantina, para ver o menu da semana.
“Viajar não é
encontrar o que se procura mas encontrar o que se encontra” disse o Miguel
Sousa Tavares algures aí mais ou menos assim... E é mesmo!
Não sei o que
esperava… mas nunca pensei ser tão básica nas minhas saudades. De certeza que
não esperava ter tantas saudades da minha cantina.
Viajar e mudar-se
para um país são coisas muito diferentes. Mudar-se sozinha e mudar-se com a
família também são coisas muito diferentes. Já me mudei para Copenhaga sozinha,
já me mudei para Creta quando estudava, agora mudo-me com apêndices.
É menos
solitário, claro… mas é mais stressante. Há 3 pontos de equilíbrio - Eu o T. e o Martin, qualquer desiquilibrio em qualquer um dos três arrasta os outros em
queda livre.
Já era assim mais ou menos na nossa vidinha normal.
Mas aqui só
nos temos a nós. Nós somos os mesmos e o resto mudou.
TUDO à nossa volta mudou,
pessoas, casa, tempo, comida, tudo!! Portanto é compreensível que o Martin se
agarre a nós mais do que nunca o fez na vida toda dos seus 2 anos."
que texto maravilhoso Mafalda, adorei! um grande beijinho*
ResponderEliminar(cada vez mais penso em emigrar e ir para a Dinamarca!)
Obrigada Mafalda!
EliminarOlha pois... Tenho ouvido que têm chegado muitas famílias aqui a tentarem comecar de novo.
Conta comigo para o que precisares.