quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Os nativos e as doenças

Dá para me deixarem em paz!?!? Só porque tenho uma tossezinha irritante há uma semana e meia, dá para deixarem de me mandar para casa!?!?

É absolutamente surreal a pressão social para se ir para casa quando se apresenta um sintomasinho de doença.
Eu passo a informar que durante o inverno tenho tosse crónica, no mínimo um mês, no máximo 3 meses, tosse irritante e que não passa nem que eu fique em casa uma semana.

Lá tenho eu de me justificar 3 vezes por dia que não estou contagiosa, que não tenho febre nem outros sintomas e que o médico Não me vai fazer nada!!

Uiiii que me estão a dar os calores...


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Trocar-lhe as voltas ou que Mãe chata!

m - Quero ter um gato!
eu - Era giro, mas coitadinho, ia ficar em casa sozinho enquanto tu estavas no infantário. Se calhar um dia podemos ter 2 gatos, assim ficam os dois a brincar enquanto tu estás na escola e eu no trabalho!
m - Não!! dois não... dois gatos arranham-me.
eu - OK... Então um dia quando andares na escola compramos um gato.
m - Pois, e depois eu levo-o para a escola!
eu - não se pode...
m - então já sei, vai para o teu trabalho!
eu - também não se pode.
m - Mãe, já não quero ter um gato!!

Fiquei-me a sentir um tanto ou quanto destruidora de sonhos...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Homens!! ou será só o meu??

A melhor amiga do Martin lá na escola é mulatinha, e a mãe é Dinamarquesa e vive sozinha com a filha.
O Martin já foi a casa dela várias vezes brincar, a miúda também já cá esteve várias vezes e eu nunca perguntei se ela era adoptada ou se o pai vivia em África. 
Nessas coisas, sou sempre da opinião de dar espaço, se as pessoas quiserem dizer dizem e não tenho jeito nenhum para fazer a pergunta de uma forma natural sem parecer cusquice.
Mas é claro que tinha curiosidade de saber da história.

Pois parece que o meu homem já sabia tudo desde a primeira vez que eles brincaram juntos (há quase um ano atrás) e NUNCA comentou comigo!!


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Há quase 2 anos foi assim...#1

Os nossos tempos na Tanzânia foram memoráveis e escrevi montes de textos que vou publicar aqui de vez em quando:

"Passou hoje 1 mês desde que chegámos. E que mês!! Uma viagem enorme desde o mundo do imediato, do tudo acessível, mundo das possibilidades infinitas e do consumismo ao mundo do aguenta só mais uma hora, isso não há cá… isso só a 5 horas de distância, isso só se te mandarem...

Uma pessoa sente-se presa. Presa aos seus vícios do outro mundo… mas também presa por não ter o mínimo dos mínimos dos confortos da nossa vida. Eu sonho com a secção de chocolates do super mercado, e dá-me vómitos a única margarina que se arranja por aqui. Blue band é a marca… Nunca me irei esquecer -  Desejo manteiga como nunca antes o pensei fazer.

Sinto-me longe, como nunca me senti. 
Mesmo que a minha mãe me telefone e a sua voz esteja tão perto, mesmo que fale com a minha irmã ao telefone, sinto-me mais longe que nunca. 
Como se houvesse uma barreira tão grande entre o que eu estou a viver e a vida que elas vivem que não dá para conversar… 

Tenho saudades do meu dia a dia, das pequenas coisas, de ter uma cantina, um café, uma bolacha, um chocolate, mesmo ali a 5 minutos do meu escritório. Nunca pensei que isso fosse tão importante para mim, e quase me sinto ridícula ao sentir verdadeiras saudades da minha cantina. Mas sinto…

Aqui há um venda de bananas e Mangas, são boas são… mas são só bananas e mangas, sempre, desde que cheguei. 
Há também uns bolinhos oleosos, que de certeza vou ter saudades quando chegar a Copenhaga… Mas por agora tenho saudades da minha cantina do trabalho. Até já dei por mim a QUASE clicar no site da cantina, para ver o menu da semana.

“Viajar não é encontrar o que se procura mas encontrar o que se encontra” disse o Miguel Sousa Tavares algures aí mais ou menos assim... E é mesmo!

Não sei o que esperava… mas nunca pensei ser tão básica nas minhas saudades. De certeza que não esperava ter tantas saudades da minha cantina.

Viajar e mudar-se para um país são coisas muito diferentes. Mudar-se sozinha e mudar-se com a família também são coisas muito diferentes. Já me mudei para Copenhaga sozinha, já me mudei para Creta quando estudava, agora mudo-me com apêndices. 

É menos solitário, claro… mas é mais stressante. Há 3 pontos de equilíbrio - Eu o T. e o Martin, qualquer desiquilibrio em qualquer um dos três arrasta os outros em queda livre. 
Já era assim mais ou menos na nossa vidinha normal. 
Mas aqui só nos temos a nós. Nós somos os mesmos e o resto mudou. 
TUDO à nossa volta mudou, pessoas, casa, tempo, comida, tudo!! Portanto é compreensível que o Martin se agarre a nós mais do que nunca o fez na vida toda dos seus 2 anos."