quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Drama no reino da Dinamarca - adoção

Passou um documentário na segunda feira com a história de uma família que adotou 2 irmãos da Etiópia - uma menina de 4 anos e um rapaz de 2.
O processo correu muito mal e 2 anos e meio depois de terem sido adotados a rapariga mais velha foi "mandada" para uma instituição porque os pais adotivos alegam que não conseguiram que ela se adaptasse à família.
A história é triste e mete impressão ver uma mãe adotiva que não estava preparada para adotar uma criança tão crescida, e que não soube lidar com a situação difícil que é ter uma filha de 4 anos revoltada por ter sido separada da sua família biológica.

Eu acho sinceramente que devia ser evitado adotar crianças maiores que 2 anos quando estas têm uma família, uma casa, irmãos e uma vida (que embora possa ser difícil) é a vida deles e os laços afectivos que criaram durante a sua curta existência.
Surpreendeu-me ficar a saber, que a grande maioria das adões não são de crianças órfãs, mas sim de crianças que têm uma família e são como que "vendidas" por variadas razões. Com 3-4 anos já percebem tudo o que se está a passar e são arrancadas da sua realidade sem terem voto na matéria.

Os pais adotivos, depois das reações inflamadas que o documentário provocou em que a maioria os acusa de terem sido cruéis e de desistirem da sua função de pais, dizem que tentaram TUDO para manter a filha na sua família mas que não tiveram ajuda suficiente de psicólogos ou pessoas com mais experiência para lidarem com as dificuldades.

Isto só demonstra que o processo de adoção tem de incluir uma formação intensa dos pais adotivos antes de as crianças estarem nas suas casas... Não é mesmo fácil criar um filho, e quando não há aquela ligação afetiva biológica que se estabelece desde cedo e pior que isso, quando os pais adotivos se sentem rejeitados pelos filhos que não escolheram aquele destino fica tudo muito doloroso.

Mas a minha principal conclusão é que devia ser considerado crime rejeitar um filho adotado, tal como um filho biológico, os pais adoptivos deviam ter ajuda para conseguirem ultrapassar os problemas, mas mandar os filhos embora porque não se adaptam à família não é justo e é de uma crueldade tremenda.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Saber ouvir

Ás vezes não apetece falar das maravilhas do dia a dia, ás vezes só há irritações para desabafar.
E aquelas pessoas que em presença de um desabafo desviam rapidamente o assunto para conversas mais floreadas que lhes agradam a elas deixam-me com naúseas.

Então falem vocês, não me perguntem e desviem o assunto, não me falem de coisas abstractas e aborrecidas quando o meu olhar está turvo de cansaço e a minha vida não é de princesa.

Há dias em que o silêncio é tão bom...
Mas normalmente as pessoas floreadas e sempre alegres não lidam bem com o silêncio. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Reduz as necessidades - se queres passar bem...

Inspirada pelas declarações polémicas da Isabel Jonet dei por mim a lembrar-me das primeiras impressões de quando cheguei a Copenhaga.

Calhei viver num apartamento que não tinha duche! Imaginem... Eu vinha para um país do norte da Europa, país desenvolvido e muito mais "rico" que Portugal.
E havia apartamentos sem DUCHE!!
Estavam a construir um duche comum na cave?!?!? Imaginem como me senti... Foi o maior choque, e passei a tomar duche na piscina municipal e no trabalho. 

A minha indignação deu por mim a investigar se seria aquilo normal ou se eu tinha tido especial azar...
A verdade, é que há ainda em Copenhaga muitos apartamentos sem duche, em que as casas de banho são comuns porque não há espaço nem foram remodelados. É certo que há cada vez menos, mas ainda há... 
Isto para dizer que este país que vem em estatísticas como os mais felizes e dos mais desenvolvidos, tem padrões da normalidade e do aceitável muito inferiores à média em Portugal.
Há um planeamento central muito forte, e sempre se valorizou remodelar os prédios antigos, em relaçäo a destruir e construir tudo novo - com mais conforto mas com menos "respeito" pelo património cultural. 

E é em muitas outras coisas que valores básicos como a cultura e o ambiente são valorizadas   em detrimento de luxos e comodidades "fáceis" e populistas.

Por exemplo, os elevados impostos que existem em relacäo aos automóveis - um carro aqui custa mais de o dobro que em Portugal, decidiu-se que tem de ser assim para não estar tudo entupido de carros e tubo de escape.
É chato, as pessoas queixam-se também, não dá para ter 4 carros por família, a maioria só tem um e muitas mesmo não têm nenhum...

Não estou com isto a dizer que não há miséria em Portugal, a situação está cada vez mais dramática, principalmente para quem não tem emprego ou quem tem ordenados miseráveis.
As pessoas estão a ficar saturadas de tantos cortes principalmente sem verem resultados nem luz ao fundo do túnel. 

Mas há que concentrar o protesto, pensar no que é realmente essencial, não atirar em todas as direcções, e principalmente não perder a esperança... 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Há quase dois anos foi assim... #2

Back to basics é tal e qual o que eu estou a viver.
O conforto da minha vida moderna evaporou-se! Voltámos 50 anos atrás e eu não sei viver assim.
Choque cultural é pouco, isto é choque temporal e geográfico.
A saber:
Não há supermercados, há muito poucas estradas pavimentadas e quando chove fica tudo elameado, há cortes de água quase todos os dias, já passámos vários fins de tarde sem eletricidade, e este fim de semana quase passámos a barreira de um fim de semana inteiro sem luz! - O que significou usar lanterna a partir das seis da tarde, tudo o que estava no frigorifico foi para o lixo e o entertenimento tem de ser tudo o que näo é electrónico... 
Além disso, o duche é frio e a água que sai do chuveiro é ridiculamente pouca e com pouca pressão.

Vivemos numa vila pequena, o que faz com que seja tudo mais autentico mas ao mesmo tempo um bocado desesperante… Não há nada aqui… É tudo muito local… Só mercado local, só produtos locais. De tal forma que sonho com os supermercados Dinamarqueses e tenho miragens da prateleira de chocolates…
Depois há uma cidade maior (Tanga) a 1,5h de distancia e já há um supermercado à séria com muitos produtos “europeus”. Quando fui a esse supermercado por um lado fiquei maravilhada por outro fiquei deprimida – Não pude deixar de pensar – tanta coisa que precisamos nós comparado com a vida simples que se vive aqui no mato (Korogwe).
Sendo a 1,5 e meia de caminho só dá para ir lá aos fins de semana, e como queremos conhecer outros sítios e aproveitar passear em vez de usar um sábado inteiro para ir ao supermercado… acabamos por não ir lá (só fomos uma vez). Bem, mas já chega de conversa de dona de casa :) só penso nos produtos que me fazem falta?? 

O Martin está mesmo óptimo, adora a vida aqui e aproveita-a muito bem.

Escaparmos do inverno em Copenhaga! Lá tem estado neve desde Novembro e embora ao inicio seja giro a neve, é mesmo muito frio, e não dá para estar com o Martin muito tempo na rua.
 Aqui ele está o dia todo no jardim, passeia de bicicleta, joga à bola, delira com as vacas, galinhas e burros que há à volta. É uma alegria.
Mas demorou quase um mês ou mais a adaptar-se. Dormia muito mal ao início, e por isso ficámos todos de rastos. Durante uns tempos nem ia para o jardim, tinha medo de tudo, mas agora é um valente, e passeia-se pela vizinhança de bicicleta todo orgulhoso.O T. está em casa com ele o dia todo enquanto eu trabalho, não deu para arranjar babá. A barreira cultural e linguística é muito grande... e ele precisa de alguém que o entenda.